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José Mourinho apresentado em Manchester
“Quero tudo!”

Igual a si próprio: pragmático, genuíno, ambicioso. Foi assim a apresentação oficial de José Mourinho como treinador do Manchester United, ou uma das suas afirmações não tenha sido um simples, definitivo e sintomático “Quero tudo”. “O Manchester United é um clube da Liga dos Campeões e temos de recolocá-lo lá. Quero ganhar jogos, jogar bem, marcar muitos golos e sofrer poucos. Quero tudo. Obviamente não vamos conseguir tudo, mas queremos”, desafiou.

 

Depois de ter desvendado que um dos conselhos de Alex Ferguson foi fazer-se acompanhar pelo guarda-chuva, o que se revelou certeiro em face da chuva que na véspera caiu em Manchester, José Mourinho explicou que seria fácil atirar com objectivos como o regresso à Liga dos Campeões ou aos quatro primeiros lugares da Premier League, mas não entrou por aí. “Sou mais agressivo do que isso, porque nunca fui bom em esconder-me atrás de palavras e filosofias”, explicou. “Por isso digo que queremos ganhar. O menu tem de mudar para melhor e não para pior, e o Manchester United estava habituado a triunfos de forma rotineira. Temos de fazer melhor e o melhor não é ser quarto. Tenho 53 anos, talvez esteja farto de mim mesmo, por ter começado tão cedo”.

 

E neste sentido José Mourinho garante que jamais irá contra a sua natureza e essa nunca foi defender-se de nada. “Há treinadores que a última vez que ganharam um título foi há 10 anos, outros nunca. O meu foi há um ano. Se tenho muito a provar, imaginem os outros… O sentimento que tenho muitas vezes é que jogo contra mim, porque tenho de provar a minha qualidade a mim mesmo e não aos outros. Poderia abordar este emprego de um ponto de vista defensivo, mas não posso ir por aí, porque é contra a minha natureza. Nunca poderia trabalhar sem ter sucesso”.

 

Inevitavelmente, o reencontro com Pep Guardiola, que irá orientar o City, mas nem aqui José Mourinho quis lançar polémica, simplesmente porque “odeia” a palavra inimigo, “quer seja no futebol como na vida”, e este cenário tão pouco se adequa ao país. “Em Espanha era uma corrida a dois, agora é a três; em Itália havia três ou quatro candidatos; na Premier League esse tipo de abordagem não faz sentido, pois se nos focamos numa equipa todos as outras se vão rir”, sustentou, acrescentando que respeita todos os clubes deste país, especialmente o Chelsea, que foi a sua casa durante sete anos e no qual partilhou “imensos momentos de alegria com os adeptos”, mas que no caso actual é o treinador “do maior clube do Reino Unido”, por isso não tem de estar preocupado com os outros mas sim “focado” no seu trabalho e no seu novo clube.

 

Desta vez não há nem “special one” nem “happy one” nem outro qualquer cognome, porque agora nada para ele é novo a não ser a grandeza do Manchester United. “Chego a um clube difícil de descrever, e é difícil encontrar as palavras certas”, explicou. “Não gosto de trabalho de sonho. Sou o treinador do Manchester United, que é um trabalho que todos querem e poucos têm a oportunidade de ter. Tenho consciência da responsabilidade, das expectativas, do legado, da história do clube e do que os adeptos esperam de mim. Este desafio não me deixa nervoso, embora a minha história dizer que crio sempre grandes expectativas. Sinto-me preparado, estável e muito motivado. Posso dizer que estou onde quero estar, neste clube, neste país e na Premier League”.