
Golo 400 distinguido por Florentino Pérez
Cristiano Ronaldo diz que é deste planeta mas os seus números são do outro Mundo
Cristiano Ronaldo diz que é deste planeta. Pode até ser, mas os seus números indicam que estamos perante um super-herói daqueles que fazem o mundo girar à sua volta, render-se à sua enorme magnitude, curvar-se perante as suas heroicidades, deleitar-se com a grandiosidade de cadências superadas jogo após jogo, ano após ano. O hat-trick da meia-final da Champions diante do Atlético de Madrid bateu, para variar, mais umas quantas barreiras: atingiu o número redondo de 400 golos com a camisola do Real Madrid, somou o 103º golo na Champions League, chegou aos 12 só em meias-finais e passou o ser o máximo goleador desta fase da prova, ultrapassando o também mítico Di Stefano. Porque os seus poderes superiores não parecem humanos, o português é também o primeiro jogador na história da Champions a fazer dois hat-tricks em dois jogos consecutivos (frente ao Bayern de Munique e agora perante o Atlético), sendo que nenhum outro conseguira apontar 10 ou mais golos em seis épocas seguidas da competição e continua a ser o que mais golos detém em fases a eliminar (50). Sim, Cristiano Ronaldo tem razão quando diz que é deste planeta. Para nosso deleite, que podemos vibrar com ele. Mas as suas acções, essas, são dignas de um extraterrestre.
Para assinalar os 400 golos apontados ao serviço do Real Madrid, Florentino Pérez, o presidente, esteve em Valdebebas para oferecer ao melhor do Mundo a camisola evocativa do momento, que o homenageado considerou ser “algo muito especial”. “É uma quantidade de golos enorme, não esperava”, confessou, esclarecendo tratar-se do reflexo “do trabalho de toda a equipa”, sem esquecer os adeptos, mas também “de muita dedicação e de trabalho duro”. Esta é a explicação para a normalidade de números absolutamente anormais mas reais. “Estou muito contente, cheio de sorte e sou deste planeta”, atirou.
Já se sabe que Cristiano Ronaldo é um insatisfeito por natureza, é-o desde menino. E essa admirável e saudável avidez acentua-se na mesma proporção da passagem dos anos, porque há sempre mais uma prova para ganhar, há sempre mais umas assistências para fazer, há sempre mais uns quantos golos para marcar, há sempre recordes à espera de serem ultrapassados. Por isso garante estar determinado a dar o melhor de si nos anos que lhe restam de contrato, “marcar golos como sempre e ajudar o Real Madrid a ganhar títulos”.
No imediato, e com os seus três golos no jogo da primeira mão das meias-finais com o Atlético de Madrid, a final de Cardiff está ali, já ao virar da esquina, a 90 minutos de distância. Cristiano Ronaldo diz que a equipa “esteve fenomenal” e que trabalhou para ele próprio se sentir bem na parte final da temporada. Sem assobios, com golos e mais golos (só na Champions tem mais do que o Atlético em toda a história da competição, 103 contra 100) e um lugar de relevo na história do futebol mundial. Cristiano Ronaldo é deste planeta, sim. Mas o que ele faz em campo é do outro Mundo.