Euro’2020
O Qatar está já ali ao virar da esquina
As lágrimas são, desta vez, de desalento e tristeza. E frustração, muita, porque a sorte vestiu outras cores. Não houve um golo milagroso que acalentasse a alma e que fizesse renascer a esperança. Portugal, campeão da Europa, já não vai defender o título, após a derrota por um golo com a Bélgica. Ficou o amargo de boca pela sensação de que Portugal foi superior e podia ter ultrapassado a líder do ranking FIFA e seguir caminho para Munique. Foram 26 remates, cinco dos quais à baliza, contra seis da Bélgica. E o único remate enquadrado, de Thorgan Hazard, deu golo. Uma enorme infelicidade a que se acrescenta uma mão cheia de ocasiões que esbarraram ora no poste ora em Courtois. O Euro’2020 acabou, mas o Qatar, onde terá lugar o próximo Mundial, está já ali ao virar da esquina, à distância de um ano e meio. E há que acreditar, sempre.
Para o primeiro jogo a eliminar de Portugal na competição, Fernando Santos promoveu duas alterações em relação ao onze que empatou com a França: Dalot (no lugar de Nélson Semedo) e Palhinha (no lugar de Danilo). Jogo repartido, mas com um detalhe: o único remate da Bélgica à baliza resultou em golo, um grande remate de Thorgan Hazard de fora de área, que contrastou com a defesa de Courtois a um livre de Cristiano Ronaldo e com mais três ameaças, de Diogo Jota, Palhinha e Renato Sanches, que foi sempre a mola impulsionadora das transições ofensivas portuguesas.
O golo em cima do intervalo não era justo, mas, já se sabe, em futebol a lógica da justiça e injustiça é uma batata. Com a Bélgica a perder Kevin De Bruyne no início da segunda parte, por lesão, João Félix e Bruno Fernandes entraram para dinamizar a equipa e o vendaval de futebol ofensivo começou a dar frutos, todavia sem que o objectivo final fosse atingido: Diogo Jota rematou por cima, João Félix viu Courtois defender o seu cabeamento, Bruno Fernandes atirou por cima, Renato Sanches viu a bola sair ao lado da baliza, André Silva (que entrara momentos antes) cabeceou por cima e assim continuou a ser.
Agora é que vai ser, pensou-se, quando Rúben Dias, após canto, cabeceou. Mas Courtois não o deixou. Nem nesse momento nem no que se seguiu de imediato, quando Raphael Guerreiro levou a bola a bater com estrondo no poste. Agora é que vai ser, pensou-se, quando André Silva, após cabeamento de Cristiano Ronaldo que o guarda-redes belga não segurou, esteve a milímetros da felicidade. Também não foi. Agora é que vai ser, pensou-se já em desespero, quando o remate de João Félix saiu a rasar a poste, após tabelinha com Cristiano Ronaldo e já com Pepe a sprintar e a ganhar lances de ataque como um jovem de 20 anos em pleno tempo extra. Mas também não foi. E o apito final soou tão estridente quanto amargo e o desalento foi na mesma proporção da frustração. Desta vez a felicidade foi aziaga. Mas este grupo de talentos sabe que o Mundial do Qatar está a ano e meio de distância. Onde o ainda (pelo menos até ao dia 11) campeão da Europa voltará a sonhar.