
Rússia’2018: Portugal empata com Irão e está nos oitavos
Com Harry Potter, mas com o credo na boca
Uff, sim, já se pode respirar. Uff, aquele momento em que o VAR entrou em acção, em simultâneo e já nos descontos, no jogo de Portugal e de Espanha, assinalando um penalti a favor do Irão e validando o golo do empate dos espanhóis. Uff, aquele remate às malhas laterais de Mehdi no último sopro do jogo e que poderia ter acabado com o nosso sonho. Uff, uff, uff. Mas antes de tudo isto, uau, um grande e majestoso uau, para aquele golo de Ricardo Quaresma que nos levou à exultação, que Harry Potter é português e faz magia. Portugal empatou com o Irão de Carlos Queiroz (1-1), Espanha empatou com Marrocos (2-2) e, de um momento para o outro, de primeiro classificado do Grupo B a equipa portuguesa terminou em segundo lugar e com o credo na boca, tudo nos descontos. Mas qualificado, que era o objectivo imediato. Missão cumprida e bem cumprida. Espanha fica com a Rússia, Portugal joga agora com o Uruguai (primeiro do Grupo A) no sábado, nos oitavos de final deste Mundial da Rússia. Esperando muitos uau e poucos uff.
Para o decisivo jogo, Fernando Santos operou três alterações na equipa, promovendo Adrien, Ricardo Quaresma e André Silva para os lugares de João Moutinho (que passou os últimos dias a lutar contra uma gripe), Bernardo Silva e Gonçalo Guedes. Já se sabia que o adversário desta última jornada da fase de grupos era uma equipa sólida a defender e perigosa, muito, no contra-ataque, já para não falar nos lances de bola parada. Mas Portugal, e mesmo com aquela marcação cerrada a William, demonstrou ser uma equipa sempre muito tranquila – com excepção dos já referidos últimos minutos –, que, como era previsível, teve muito mais posse de bola (67% contra 33%), mais do tripo de passes completos e o dobro de oportunidades de golo. E com um Pepe de altíssimo nível. Mas o que verdadeiramente importa é aquele lance, em cima do intervalo, em que o Harry Potter português disse presente e tirou da cartola um momento mágico, uma trivelada perfeita depois de um entendimento com Adrien e um passe de calcanhar deste. Um remate perfeito, para uma execução irrepreensível num movimento associativo exemplar que teve em Ricardo Quarema o expoente máximo, naturalmente considerado o homem do jogo. Uau!
Para a segunda parte mais do mesmo, que é como quem diz mais Portugal, que poderia ter respirado de alívio aos 53’ com aquela grande penalidade de Cristiano Ronaldo aos 53’, por indicação do VAR, que o guarda-redes iraniano Beiranvand defendeu. O capitão tem todo o crédito do Mundo, ele que foi determinante nos dois jogos anteriores e que, pasme-se, ficou em branco neste jogo, o que não é normal, mas é humano. Tem crédito e muito.
O Irão acreditou e pressionou, dentro e fora do campo. Por entre um remate (o único até então) que provocou calafrios porque saiu rente ao poste da baliza de Patrício (72’), um lance em que Cristiano Ronaldo disputou de forma absolutamente normal uma bola com um adversário e viu um cartão amarelo depois de o árbitro consultar as imagens (82’) e nova paragem para consulta das imagens por indicação do VAR (89’), Portugal estava no primeiro lugar do grupo. E depois vieram os descontos. E depois vieram os uff, porque, após novo visionamento, o árbitro decidiu, de forma forçada, assinalar uma grande penalidade por braço ocasional de Cedric (é a bola que vai de encontro ao defesa português). Faltavam três minutos para o final dos seis de descontos e o Irão empatava por Karim Ansarifard, quase em simultâneo com o golo validado a Espanha, que nos atirava para o segundo lugar do grupo. O credo na boca e o uff veio quase de seguida, com aquele remate às malhas laterais de Mehdi. Portugal empatava, a Espanha empatava e tudo ficava na mesma na frente do grupo. O sonho continua.