Rússia'2018: Portugal empata (3-3) com Espanha num jogo de loucos
Deus é português e chama-se Cristiano Ronaldo
Aquele momento em que “o tal” dá cinco passos atrás, respira fundo uma e outra vez, observa a baliza, desfere um remate indefensável e faz a alegria de 15 milhões de portugueses. Aquele momento em que, a três minutos dos 90’, “o tal” repõe a verdade de um jogo de loucos e que passa a ser, dos quatro realizados até ao momento, o melhor do Mundial da Rússia. Aquele momento em que se percebe que Deus é português e se chama Cristiano Ronaldo. Portugal e Espanha empataram a 3 golos na primeira jornada do Grupo B. Diego Costa bisou, Nacho colocou a Espanha em vantagem, mas Cristiano Ronaldo voltou a ser o nosso Deus, com três golos tão memoráveis quanto a sua exibição de gala em Sochi. Sobrenatural.
Era catalogada como uma final antecipada e o rótulo coube-lhe que nem uma luva. Com José Fonte ao lado de Pepe, Bruno Fernandes no meio campo com João Moutinho e William e Gonçalo Guedes como aditivo do ataque liderado pelo capitão dos capitães, Portugal entrou praticamente a ganhar graças a uma jogada individual de Cristiano Ronaldo travada por Nacho, grande penalidade que o melhor do Mundo converteu exemplarmente. Por duas vezes Portugal, em transições rápidas, teve a oportunidade de avolumar o marcador, ambas conduzidas por Cristiano Ronaldo, ambas desperdiçadas por Gonçalo Guedes. Até que aos 24’, Diego Costa deu uma reviravolta no jogo, com um remate rasteiro que não deu hipótese de defesa a Rui Patrício, mas que, a bem da verdade, foi antecedido por uma falta sobre Pepe e este facto fez toda a diferença, porque a fúria espanhola deu um ar da sua graça quase de seguida e só a trave da baliza de Patrício impediu Isco de fazer o segundo de Espanha. Mas o nosso Deus lá estava para, antes do intervalo, inventar o segundo golo da armada portuguesa, com um remate de fora da área que David De Gea não conseguiu travar.
No regresso do descanso esse grande ponta-de-lança de nome Diego Costa voltou a fazer estragos, logo aos 55’, com um remate de oportunidade após uma bola ganha por Busquets e a reviravolta, a primeira, aconteceria três minutos depois com um remate fantástico de Nacho. Portugal, que até tinha entrado em campo a jogar “à espanhola” e estivera sempre na liderança do marcador, começou a ser cada vez mais empurrado para o seu sector defensivo, mas, já com João Mário, Ricardo Quaresma e André Silva em campo, o nosso Deus voltou a dizer que é português: Cristiano Ronaldo assumiu a marcação de um livre directo a três minutos do final e o resultado foi absolutamente admirável, porque transformou aquele remate numa obra prima só o alcance dele próprio. “Vamos!”, exclamou o melhor do Mundo, que acabara de evitar a derrota, que seria injusta, de Portugal. O mesmo “vamos!” convicto que lhe veio do fundo da alma e que tinha proclamado logo após a entoação do hino português. Foi, naturalmente, considerado o melhor em campo. Pelos golos, mas também pelo muito que jogou e fez jogar.
Portugal dividia os pontos desta final antecipada com a Espanha, Cristiano Ronaldo mantinha o registo de marcar em todas fases finais em que participou, com a particularidade de fazer num só jogo o mesmo número de golos (3) que detinha do total das provas anteriores (14 jogos), somou o seu 84º golo por Portugal (iguala Puskas como segundo melhor marcador a nível de selecções) e pela primeira vez a Espanha provou do veneno do melhor do Mundo. Após a primeira jornada, o Irão de Carlos Queiroz lidera o Grupo B, graças à surpreendente vitória imposta a Marrocos, enquanto Portugal e Espanha ocupam o segundo lugar. Na próxima quarta-feira Portugal defronta Marrocos e o Irão joga com Espanha.