Mundial 2022 Qatar
CR7, Félix e Leão na estreia vitoriosa de Portugal
Portugal estreou-se no Mundial do Qatar com uma vitória. Uma vitória que já não acontecia há 16 anos (a última no pontapé de saída da competição aconteceu na Alemanha, frente a Angola), uma vitória sofrida frente ao Gana (3-2), repleta de dramatismo mesmo até ao apito final, mas uma vitória. Cristiano Ronaldo, (que voltou a fazer história), João Félix e Rafael Leão provocaram a exultação de mais de 10 milhões de portugueses. E, com menor ou maior sofrimento, a verdade é que Portugal lidera já o Grupo H e um triunfo no jogo com o Uruguai do dia 28 carimba a qualificação para a próxima fase.
A emoção era visível no rosto e principalmente no olhar turvo de todos os jogadores portugueses quando entoaram “A portuguesa”, designadamente do capitão da selecção nacional. Uma premonição para o que viria a acontecer, particularmente na segunda parte, dado que na primeira só existiu circulação e posse de bola da equipa de Fernando Santos, embora sem velocidade nem rupturas, logo sem grandes oportunidades criadas. É verdade que o Gana colocou muitas pernas à frente do seu guarda-redes, é verdade que foram sete remates contra nenhum da equipa africana, é verdade que dois deles poderiam ter tido o desfecho desejado, é verdade que foram 62% de posse contra 26%.
Os desequilíbrios que não se verificaram até então surgiram na última meia-hora do encontro, numa altura em que Otávio, lesionado, já tinha dado o lugar a William Carvalho. O desbloqueio surgiu por Cristiano Ronaldo, travado em falta na área por Salisu após um passe de calcanhar de João Félix. O capitão beijou a bola, deu uns quantos passes atrás, inspirou e expirou como é seu hábito e rematou forte, naquele que foi o seu oitavo golo em fases finais de Mundiais. Fez história e transformou-se no único jogador da história a marcar em cinco campeonatos do Mundo, ao mesmo tempo que apontava o golo 50 de Portugal nesta competição.
Pensar-se-ia então que o Gana seria obrigado a arriscar mais e que Portugal tiraria finalmente dividendos dos espaços que seriam concedidos pelo oponente. Mas o carrossel de emoções estava prestes a iniciar-se. Tinha Diogo Costa acabado de fazer a primeira defesa do jogo quando um lance em velocidade de Kudus permitiu a Ayew empatar o jogo. Havia agora espaço, mas de ambos os lados, e foi assim que João Félix, lançado por Bruno Fernandes, voltou a colocar Portugal em vantagem num remate picado de grande classe, frieza e segurança. E foi assim que Rafael Leão, apenas com dois minutos em campo, rematou de primeira como só ele sabe fazer, depois de uma recuperação de Félix e de uma abertura de Bruno Fernandes, estreando-se a marcar com a camisola das quinas vestida e aumentando a vantagem para dois golos. Mas o carrossel não parou e nove minutos depois Bukari, de cabeça, voltava a colocar o Gana com a desvantagem mínima.
Foram nove os minutos de tempo extra e acabou por ser mesmo no finzinho, já em pleno minuto 10, que o guarda-redes português, numa reposição de bola, não se apercebeu que tinha Inaki Williams atrás. O ganês ainda conseguiu roubar a bola, mas escorregou e a bola acabou aliviada. O carrossel de emoções terminava num Estádio 974 que podia ter-se transformado num grande 31. Foi um carrossel de emoções dramático com um final feliz. Portugal lidera o Grupo H, com três pontos, mais dois que Uruguai e Coreia que empataram a zero. Tudo está bem quando acaba bem.