Rússia’2018: Portugal vence (1-0) e afasta Marrocos
Quando a cabeça de CR7 vale mais do que o músculo
A raça canina Jack Russel Terrier distingue-se tanto pela inteligência como pela irrequietude: a os cães são musculados, nervosos, rápidos, enérgicos, alguns assumem-se como os donos da bola e, ao invés do que é considerado normal, gostam é que corram atrás deles. Ora, a equipa de Marrocos que esta quarta-feira jogava a sua permanência na Rússia apresentou-se diante de Portugal com todas estas características dos Jack. Foram 11 em campo a inviabilizar que o teórico dono da bola Portugal assumisse a liderança da “brincadeira”; foram eles que inverteram os papéis, colaram-se à bola e obrigaram o tal “dono” a correr ininterruptamente atrás dela. Sempre em velocidade, com irrequietude e muito nervo. Uma única diferença nesta similitude: a doçura dos Jack não se aplica ao estilo marroquino, que faz do futebol musculado, físico e até agressivo seus complementos essenciais. Mas nada disto serviu de muito, porque a cabeça de Cristiano Ronaldo sobrepôs-se, uma vez mais, a tudo e valeu mais do que o músculo. E afastou Marrocos do Mundial da Rússia.
O sofrimento foi muito, o desgaste foi imenso e quem diria que Marrocos terminaria o jogo com 53 por cento de posse de bola contra os 47 de Portugal. João Mário no lugar de Bruno Fernandes foi a única alteração introduzida por Fernando Santos e tudo parecia ir correr bem quando, aos 4 minutos, Cristiano Ronaldo mergulhou na zona de penalti a cruzamento de João Moutinho e fez a alegria de milhões de portugueses espalhados pelo Mundo. Sempre ele, determinante, a decidir. Teria, quase de seguida, mais uma oportunidade para bisar a passe de Raphael, mas desta vez o remate saiu ao lado, e por duas vezes serviu o ataque, no fim da primeira parte e no início da segunda. Cristiano Ronaldo, que soma quatro golos em dois jogos, voltaria, sem surpresas, a receber o prémio para o melhor em campo. É o marcador da prova e passou a ser também o marcador do continente europeu a nível de selecções, com 85 golos.
Durante todo o tempo restante foi Marrocos a pressionar, foi Marrocos a correr com bola, foi Marrocos a atacar porque a derrota carimbaria o passaporte de regresso ao Norte de África. E por isso todos os nossos jogadores tiveram de fazer das tripas coração, desgastando-se, sofrendo, unindo-se e vendo Rui Patrício fazer a defesa da tarde naquela que foi a melhor das inúmeras oportunidades do aguerrido adversário (aos 57’), uma estirada fantástica a cabeceamento de Belhanda, guardando nas luvas os três preciosos pontos que colocam Portugal numa bela posição para o apuramento e que sentenciam a despedida (a segunda deste Mundial, depois do Egipto) dos marroquinos.
Com quatro pontos, Portugal assume a liderança, provisória, do Grupo B, e no dia 25 realiza o último jogo da fase de grupos, com o Irão do português Carlos Queiroz.