Euro’2020
Assim, sim!
Et voilá: Portugal está nos oitavos de final do Euro’2020. Campeão da Europa e campeão do Mundo frente a frente, os primeiros em busca da qualificação, mas a depender unicamente de si, e os segundos já apurados, mas a quererem vingar a final de 2016. Resultado: um empate a dois golos, no dia em que Cristiano Ronaldo bisou e igualou Ali Daei no topo da lista dos melhores marcadores da história das selecções, com 109 golos. Foi sofrido, foi entusiasmante e foi feliz. A selecção nacional qualifica-se na terceira posição e a Bélgica é, agora, a próxima etapa desta caminhada.
Personalidade, carácter, associativismo e bola. Foi muito por aqui que começou a ser desenhada a boa prestação de Portugal no último e decisivo jogo com a França, que nos levaria ao céu ou nos faria descer aos infernos. A inteligência do pêndulo João Moutinho e a raça e imprevisibilidade de Renato Sanches renovaram o meio-campo para este jogo e a construção de jogo da equipa foi completamente diferente da que se lhe tinha visto na derrota com a Alemanha. Uma primeira parte muito boa do colectivo, que se superiorizou ao campeão do Mundo e com golo, de penalti, por Cristiano Ronaldo, à meia-hora do jogo: Lloris atropelou Danilo nas alturas e com o cotovelo, após livre de João Moutinho, lance feio que viria a resultar na substituição do médio português ao intervalo. Portugal tinha mais posse, dominava, criava situações (7 remates, quatro deles à baliza, contra 4, dois à baliza), mas aquele último minuto da primeira parte foi um balde de água gelada na noite de Budapeste. Nova grande penalidade, desta vez muito discutível, assinalada a Nélson Semedo sobre Mbappé, que Benzema não desperdiçou e que colocava muita injustiça no marcador.
Já com Palhinha em campo, a segunda parte praticamente começou com o golo da reviravolta da França, num lance de Benzema que o árbitro assistente assinalou fora-de-jogo, mas que o VAR reverteu. Um sufoco e um carrossel de emoções, porque a Alemanha perdia com a Hungria e Portugal via-se eliminado. O pior e até o mais improvável dos cenários não se confirmaria, porque Koundé, aos 60’, esticou a mão a cruzamento de Cristiano Ronaldo, que faria de grande penalidade o golo que voltaria a colocar equipa portuguesa nas contas do grupo. Foi o 109º golo do capitão português pela selecção, que iguala, assim, Ali Daei como melhor marcador da história mundial das selecções. Um registo notável de um jogador único.
Daí até ao final Portugal passou pelo primeiro lugar, esteve por momentos fora do Euro, subiu à segunda posição, porque, entretanto, a Alemanha empataria, voltaria a ficar em desvantagem e igualaria novamente. E pelo meio (68’) Rui Patrício vestiu a pele de Santo e na mesma jogada fez duas defesas absolutamente magníficas, principalmente a primeira, com uma estirada à super-homem a remate de Pogba, negando de seguida o golo a Griezmann. Tínhamos homem, tínhamos homens, todos os nossos bravos lusos, que assim garantiram a presença nos oitavos de final da competição, o que acontece pela oitava vez. Assim, sim!
Contas feitas, Portugal, que na parte final do jogo perdeu Nélson Semedo por problemas físicos, ficou na terceira posição, jogando agora no domingo, em Sevilha, com a Bélgica (20h00). A França terminou no primeiro lugar e vai defrontar a Suíça, enquanto a Alemanha, segunda classificada, joga com a Inglaterra. Naquele que era tido como o grupo da morte não deixa de ser curioso o facto de Portugal ter sido a única equipa que conseguiu derrotar a Hungria…